sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Jair Bolsonaro x Vera Magalhães


A jornalista Vera Magalhães publicou matéria com a informação de que o presidente Jair Bolsonaro disparou whatsapps de seu telefone com vídeos convocando para as manifestações do dia 15/03/2020. Essas manifestações serão contra o parlamento brasileiro, pedindo o fechamento do Congresso Nacional. Dei minha opinião sobre o assunto no post anterior. Bolsonaro, no dia 27/02/2020, em uma live, falou sobre o assunto. Disse que se tratava de um vídeo de 2015, atacou a jornalista e a desafiou  a divulgar os vídeos. Segundo Bolsonaro, os disparos foram para 'algumas dezenas de pessoas' de seu círculo pessoal. Disse também que a jornalista devia ter 'vergonha na cara', além de dizer: 'não sou da sua laia'.  Veja o vídeo a partir do minuto 13.

Live Facebook 27/02/2020

No mesmo dia, algumas horas depois, a jornalista divulgou em seu twitter os vídeos que recebeu de sua fonte, uma pessoa que recebeu a mensagem do próprio presidente. No mesmo dia 27/02, a jornalista participou da bancada do Jornal da Cultura, na TV Cultura, e respondeu às palavras do presidente, ditas em em sua live, horas antes. Vejam até o minuto 23.

Jornal da Cultura 27/02/2020

Twitter Vera Magalhães

Tirem suas próprias conclusões.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Democracia seriamente ameaçada

Um presidente eleito pelo povo jura, em seu discurso de posse, defender a Democracia. E o que faz o nosso? Convoca ou adere a um movimento que prega o fim da Democracia. Sim. Com o fechamento do Congresso Nacional, o que deseja o movimento, será o fim da Democracia brasileira, já que a Constituição diz que os Poderes são independentes e harmônicos. Executivo, Legislativo e Judiciário. Não havendo mais um dos 3 Poderes, rasga-se a Constituição Federal e constrói-se um novo regime. Sei lá eu qual seria. Mas isso é apenas um raciocínio lógico. Simples. Quem defende isso não está preocupado com a manutenção da Democracia ou é suficientemente ignorante para não entender as bases do nosso Estado Democrático de Direito. O presidente, na minha opinião, além de descumprir um juramento, trair seus eleitores e todo o povo brasileiro, comete crime de responsabilidade, improbidade e crime contra Lei de Segurança Nacional (LSN). O Artigo 26 da (LSN), diz que é possível acusar alguém de calúnia e difamação com base na LSN, desde que o crime imputado exponha a perigo ou lesão:...

"I - a integridade territorial e a soberania nacional;
Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito;
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União...."

O presidente, só em seu apoio ao fechamento do Congresso, já pode ser acusado com base nesse artigo.

O Congresso Nacional precisa reagir urgentemente a essa grave e frontal ameaça ao Estado Democrático de Direito. Defender a Soberania Nacional e nossa Democracia. O Judiciário deve ser provocado para defender também o Estado, pois o Supremo Tribunal Federal é o guardião da Constituição Brasileira, que está ameaçada neste momento. Mas não só os poderes devem se movimentar. A responsabilidade é de todos nós. De todos os democratas. Tanto dos que ainda viveram sob os regime autoritário até 1986, quanto os que nunca sentiram o peso de viver sob tensão daqueles tempos. Não fazer nada, aliás como é característica de nosso povo 'gado', calado, pacífico, preguiçoso, acomodado, é concordar com o fim da Democracia. Mas para onde iremos? A Democracia pode não ser prefeita, mas não há regime melhor. Tivemos no país o Brasil-Colônia, fomos sede do Império, viramos república e tivemos regimes autoritário civis e militares. Qual desses foi melhor que a Democracia? E no mundo? Quais exemplos temos de regimes melhores? Cuba? China? Rússia? Venezuela? Equador? Os regimes africanos? Qual é melhor que nossa Democracia? Acordem! Pra mim, esse é o ápice. Passou de todos os limites. Um presidente eleito que desrespeita, a Constituição. Ignora o compromisso assumido no ato da posse em defender a Democracia. Abandona a atitude proba que o cargo exige e ignora as Leis constitucionais.


REFLEXÃO

Vejo muitas pessoas criticando sempre a situação atual. O que acontece no momento, sem pensar ou analisar como as coisas chegaram ao ponto em que estão. Como chegamos ao ponto de um Presidente da República concordar em matar a Democracia e pior, ter tanta gente apoiando? É claro que não são fáceis essas respostas ou explicações. Mas algumas coisas estão bem claras pra mim. Deixo claro que o que vou expor não é uma verdade absoluta. É apenas minha opinião. É preciso se despir de conceitos e ler com o objetivo de refletir. Proponho uma reflexão para tentar entender o todo e porque estamos nesse momento.

Pensando na construção da nova Democracia brasileira, lembro que havíamos saído de um regime autoritário, e por isso, a Constituição foi elaborada nesse ambiente e os constituintes se preocuparam em criar Leis que garantissem os direitos fundamentais e não deixar brechas para a volta de qualquer regime diferente à Democracia. A Constituição assegura a Democracia. O tempo passou e até concordo que determinadas Leis criadas com essas intenções, nem cabem mais nos tempos atuais. Cito, por exemplo, a imunidade parlamentar que foi criada com o objetivo de preservar os eleitos pelo povo de possíveis ataques. Hoje, a possibilidade desses ataques são bem menores e os políticos se valem da Lei para se beneficiarem em seus crimes. Porém, o objetivo de quem criou a Lei, à época, se justifica.

Desde a implantação da Democracia, o povo se sentiu livre ao longo do tempo, cada vez mais capaz de cobrar direitos e exigir mudanças e criações de Leis e comportamentos para adequar o país às necessidades da sociedade. Nada de errado nisso. O problema são os exageros e os extremismos. Todo extremismo é burro. Mesmo que a causa seja nobre, o extremismo deturpa a verdade, encaixota o pensamento, impossibilita o diálogo, quebra a razoabilidade. Todos esses efeitos, jogam contra a Democracia que é baseada no diálogo, na política, na razoabilidade e nas Leis. Os movimentos e muitas pessoas passaram a confundir a liberdade que a Democracia dá aos cidadãos com a possibilidade de fazerem o que quiserem. Este foi um erro grave que colaborou para o momento atual e a total falta de responsabilidade de todos. Vejam, atitudes extremas para um lado, provocam atitudes extremas para o outro lado. Com a radicalidade, o diálogo está morto, portanto a possibilidade de acordos tão importantes no ambiente democrático, fica impossibilitado. Essa lógica é antagônica à do Profeta Gentileza. 'Gentileza gera gentileza', lembram? As pessoas e os movimentos exageraram. Vou citar alguns exemplos que podem gerar polêmicas, mas cabem na explicação. Reflitam sem conceitos prévio, por favor.

A Constituição diz que "Todos são iguais perante a Lei". Isso significa que ninguém está acima da Lei e ela cabe igualmente para todos. Mas determinados exemplos fogem a essa regra. As pessoas, na tentativa de defender minorias, prejudicados sociais, diferentes em diversos aspectos, desequilibram essa regra da igualdade. Uma pessoa ou grupo ser minoria ou prejudicado por qualquer motivo não dá o direito de serem tratados diferentes em relação à Lei. A Lei deve ser para todos. Um protesto de moradores sem teto, por exemplo, não pode dar o direito a esses de invadir qualquer imóvel simplesmente porque não têm onde morar. Isso desobedece a Lei. A Constituição garante a livre reunião e manifestação, mas isso não quer dizer que não hajam regras para isso acontecer. Não é permitido fechar vias públicas, porque isso fere direito fundamental de outras pessoas. O direito de ir e vir, garantido na mesma Constituição que permite a manifestação. Não se pode depredar patrimônio público. O manifestante não pode ser um fora da Lei só porque está se manifestando. Uma mulher não pode tirar a blusa e mostrar os seios para os policiais em uma manifestação como forma de protesto. Imaginem se uma tropa de policiais mulheres fosse recebida por homens baixando as calças e mostrando as partes íntimas em protesto. Como seria visto? Pois saibam que para a Lei a atitude é igual. O crime é o mesmo. Um movimento de LGBTs (nem sei se falta alguma letra, desculpe) não pode protestar fazendo Golden Shower no meio da rua. Isso é crime. Dentro de um ambiente fechado, cada um faz o que quiser. Em vias públicas não. Black Blocks em ação é crime. E assim a lógica segue.

Vou dar outro pensamento: pessoas criticam o preconceito. Louvável. Eu também abomino. O preconceito significa ter um conceito pronto antes de analisar a situação. Já ter uma definição do certo e errado antes de analisar o fato. Bom, então o preconceito não tem lado. Se a pessoa já tem uma definição sobre o assunto antes de analisar, isso é preconceito. Pois bem. Se uma pessoa já define, por exemplo, que um gay não é uma boa pessoa só por sua condição sexual, concordo que é preconceituoso. Isso é péssimo. Mas se uma pessoa absolve outra previamente sem analisar a situação somente porque ela faz parte de uma minoria, também é um preconceito. Ela já tinha uma definição prévia do que ia decidir, antes de analisar os fatos. Isso também é péssimo e trás erros e injustiças. Seria um 'preconceito branco'? As coisas são como são. Fatos são fatos. Por exemplo, se há um atropelamento, a grande maioria das pessoas automaticamente se penaliza e tende a culpar o motorista, sem analisar se o pedestre teve culpa ou responsabilidade. Se ele atravessou fora da faixa, numa esquina, em baixo de uma passarela, se estava bêbado, drogado, não importa. O motorista é quase sempre visto como o culpado. Isso acontece porque o pedestre é a parte mais fraca na relação ao carro. Nesta lógica, os radicais de todas as áreas puxam as coisas para sua razão, sem considerar a razoabilidade que a análise de cada caso exige, independente da relação de forças entre os envolvidos. Isso não é uma espécie de preconceito? Isso não causa erros de avaliação? Injustiças?

É curioso que mesmo as pessoas e movimentos que cobram a igualdade, na verdade colaboram para a desigualdade quando desobedecem a Lei em busca de proteger ou favorecer o que defendem. Ninguém está acima da Lei. Sob nenhum pretexto. Isso causa deturpações e favorece o caos. A desobediência às regras impede a ordem e trás o caos. Muitas pessoas cobram respeito a Leis e comportamento de políticos, autoridade, juízes e pessoas que ocupam cargos importantes. É claro que eles têm que obedecer a Lei e dar exemplo. Mas a responsabilidade é de todos. Essas mesmas pessoas desobedecem regras e Leis todos os dias. Se prestarmos atenção no dia-a-dia, perceberemos facilmente o que quero dizer. No Rio, por exemplo, não há mais Leis nas ruas. Pedestres atravessam onde querem e quando querem. O engraçado é que se um carro passa num sinal amarelo, o que é permitido pela legislação, já que ainda não fechou, pedestres irão xingá-lo imediatamente. Mas se o sinal está fechado para os carros e o sinal de pedestres está piscando, o mesmo que o amarelo para os carros, eles atravessam e aí entendem que os carros têm que esperar. A lógica não é a mesma? Sim. É. Caminhões às 7:00, 7:30 da manhã parados fazendo suas entregas tranquilamente, quando a legislação proíbe essa atividade nesses horários. Só pode haver entregas das 10:00 às 16:00. Ninguém liga. Homens em vagões destinados a mulheres. Desrespeito a filas de idosos. Motoristas estacionam onde querem. Enfim, não há o mínimo respeito às regras e Leis. E por quê? Porque 'o hábito faz o monge'. Porque de tanto se repetir e não haver a fiscalização, o ato de fazer se cumprir, as atitudes se tornam normais. Comuns. O errado passa a ser o certo porque todo mundo faz. Isso se proliferou para todas as esferas da sociedade. O país está sem regras pra nada. Sem pudor. Sem honra. Sem modos. Sem respeito. Isso se espalhou para todas as esferas. Vejam o caso dos policiais em greve e aquartelados no Ceará. É expressamente proibido por Lei que agendes armados do Estado façam greve. O motivo é óbvio e lógico. Eles estão armados. Os agentes pagos para defender a população deixam os bandidos à solta nas ruas e cometem atos criminosos contra o Estado. O caos e a desordem do país fez com que um senador se sentisse no direito de pegar um trator e avançar sobre os manifestantes o que resultou em tiros contra ele. É o caos total. Ninguém está certo. Mas essa situação não é inédita. Já aconteceram greves de policiais no Espírito Santo e Rio de Janeiro. E o que aconteceu? Os policiais foram anistiados. Ou seja, vale tudo. Pode tudo e nada acontece.

Os mesmos que cobram respeito as suas opiniões, não respeitam opiniões em contrário. A  Lei que garante o direito de uma pessoa pensar o que quiser dá o mesmo direito a qualquer outra pessoa a pensar o contrário. Não aceitar isso é intolerância. Mas quando se fala em intolerância, pensamos em religião, raça, sexualidade. E a intolerância ao que pensa diferente de você? Essa pode? Por quê? Na verdade, cada um está usando parte de direitos e de Leis para garantir o que querem fazer. E não estão nem aí pro direito dos outros, que na verdade é o mesmo. Igualdade. Então, muitos dos que cobram respeito, não respeitam. Muitos que cobram liberdade, não querem que os outros a tenham. A lógica passa a ser: "Você é livre para pensar igual a mim". Quem pensa diferente é massacrado, cancelado, ridicularizado, exposto, investigado, etc. O exemplo que vejo são pessoas que acusam outras de atos fascistas. Incrível que quando percebem que alguém tem uma opinião contrária a delas, cometem várias insanidades como cancelar a pessoa na internet, xingar, intimidar, ridicularizar para que a outra não possa expressar a sua opinião. E o que é isso se não um ato fascista? Se igualam. Voltamos aos extremos.

Precisamos entender as bases da Democracia. Precisamos de diálogo e menos extremismos. Precisamos de igualdade para todos. Precisamos defender nossas ideias, respeitando as ideias dos outros. Precisamos respeitar as Leis.

PERIGO

Os regimes autoritários que dominaram o Brasil por décadas, tanto os civis quanto os militares, surgiram em meio aos caos e a desordem. Baseados nesses motivos, principalmente, foram tomadas as decisões que mudaram os rumos de nossa história. Talvez o momento ainda não seja propício para um novo golpe, mas o caos está instalado. E pior: Está sendo incentivado. De várias maneiras estamos sendo empurrados para a desordem. O presidente colabora com suas teorias e frases, no mínimo infelizes. Os ministros também dão sua colaboração. Os movimentos radicais e extremistas também estão contribuindo. As pessoas em desrespeito total às Leis também. O que quero dizer é que todos somos responsáveis. As pessoas têm a tendência de imputar a responsabilidade e a culpa dos erros aos outros. Sempre. Mas nesse caso, todos somos responsáveis. A Democracia é de todos e é dever de todos lutar por mante-la. Mas lutar não significa ir pra rua, pintar a cara e depredar o patrimônio público. Lutar, nesse momento, é cobrar dos eleitos uma atitude. Cobrar de seus deputados e senadores que protocolem o pedido de impeachment. Cobrar dos eleitos que ajam imputando crime de responsabilidade ao chefe da Nação. É a hora. É agora. Estou vendo eleitos e partidos fazendo chamadas e discursos de que 'repreendem veementemente a atitude do presidente'. Convocando o povo para se manifestar nas ruas e nas redes sociais. Caros eleitos, representantes do povo, esse tempo já passou. Não joguem a responsabilidade para o povo. A responsabilidade é de vocês. Ajam!!! Vocês foram eleitos. Façam o que têm que fazer. Doa a quem doer. É a Democracia que está ameaçada. Não cobrem nada do povo. Vocês é que têm que resolver. Onde estão as lideranças? Os partidos? Os eleitos? Estão em suas casas, atrás de seus computadores, incitando o povo para que reclamem. E não estão cumprindo seu papel, nem sua responsabilidade. Covardes!!!! Protocolem o pedido de impeachment na primeira hora do primeiro dia da volta do recesso. É isso que deve ser feito. Não venham com desculpas. Cumpram seu papel.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Minha apuração carnaval 2020

Este ano foi marcado pelo equilíbrio. Várias escolas estão no páreo para este título, como não vejo há anos. Quem me conhece sabe que sempre cravo meus palpites. Claro que não acerto sempre, mas não costumo me esquivar. Vou colocar a minha campeã. A minha preferida, mas vou destacar as que podem ser campeãs na quarta-feira. Realmente um carnaval muito equilibrado. O critério que usei foi eliminar as escolas em que vi problemas que podem tirar pontos. As que não vi problemas graves e passaram dentro do equilíbrio, vou citar como 'no páreo'.

Se teremos equilíbrio para a disputa do título, não será surpresa uma das rebaixadas deste ano. A União da Ilha do Governador, com muitos problemas no desfile, não escapará.

Obs. Este ano, cairão duas escolas para a Série A em 2021, assim como prevê o regulamento da Liesa. Ler Artigo 47: Regulamento Liesa 2020

Vamos lá:

Campeã: Mocidade Independente de Padre Miguel

No páreo: Portela, Beija-Flor, Vila Isabel e Mangueira.

Bom desfile: Unidos da Tijuca, São Clemente, Estácio de Sá - não estiveram no mesmo nível das outras que estão no páreo.

Problemas: Salgueiro - buraco. Viradouro - último carro passou apagado. Grande Rio - problemas na acoplagem do Abre-Alas. Tuiuti - correu no fim do desfile e fantasias de baianas com problemas. União da Ilha - buracos e atrasou 1 minuto no cronômetro de encerramento do desfile.

Mocidade Independente de Padre Miguel

Análise desfile de segunda-feira Especial

São Clemente: Divertido
Enredo: O Conto do Vigário

Comissão de frente: Trouxe o conto do vigário. Dois vigários que disputavam uma santa. O vigário vigarista propôs colocar a santa num burro e pra igreja que o burro fosse, a santa ficaria. Só que o burro era dele. O caminho que o burro conhecia era o caminho da igreja dele. Muito bem contado, coreografado. Elemento cenográfico foi uma igreja barroca. Ótimo.

O Abre-Alas mostrava várias trapassas. Vigários, comerciantes, novamente vimos o burro do conto do vigário. Um grande burro no centro do carro com vários movimentos. Bonito.


As alas contaram vários golpes. A primeira ala veio com o santo do pau oco que levava as pedras preciosas dentro das esculturas pra não pagar imposto. Dom João deu a volta em Napoleão, vindo pro Brasil. O jeca tatu, o caipira que facilmente era enganado com sua inocência ao chegar às grandes cidades. O caipira caindo no golpe do lote funerário. Comprava o lote, mas não podia construir, pois eram túmulos. Ótimas fantasias. Ala bilhete premiado. Máquina de fazer dinheiro.

Ala do golpe do encosto

O segundo carro "Vende-se um terreno na lua". Os caipiras caindo no golpe. Muito colorido com os golpistas e caipiras em meio as frutas, bancas de feiras, carroças. Ótimas esculturas estilizadas. Aparências infantis nas esculturas. Na sequência, as alas traziam as receitas milagrosas. Ala do golpe do encosto. Esculturas acima da cabeça dos componentes em forma de diabo davam altura num efeito muito bom. As baianas vieram de "Trago a pessoa amada em 3 dias". Os passistas vieram de lobos (homens) e cordeiros (mulheres). O terceiro carro: "Vende-se um pedacinho do céu". Trouxe os golpes dos religiosos. Esculturas de igrejas, com cofres com barras de ouro, uma escultura de lobo em pele de cordeiro, muitos componentes entre vilões e enganados.Seguindo, as alas traziam as vigarices políticas. Ala caçador de marajás, Ala seu voto por uma dentadura. A bateria veio de laranja, simbolizando os negócios escusos. Depois da bateria, ala Ficha limpa. O quarto carro trouxe Marcelo Adnet, compositor do samba, interpretando o presidente Jair Bolsonaro e distribuindo laranjas, O carro trás várias frases do governo que também remetem a fake news.

Marcelo Adnet, como Jair Bolsonaro

Seguindo, as alas dos golpes de tratamento médico, golpes de fotos lindas no cardápio, mas na hora o produto é horrível, combustível falsificado, bombas de combustível adulteradas, 'La garantia soy jô', cavalo de Tróia. O quinto carro "Fábrica de Fake News". Um enorme pinóquio na frente com muitos movimentos. Samba muito divertido, letra muito fácil, a cara da São Clemente. Ótimas fantasias, coloridas, enredo de fácil leitura e identificação. Mais um ano de permanência da escola na Série A.


Unidos de Vila Isabel: LUXO
Enredo: “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”

Comissão de Frente: O pouco que a Globo nos deixou ver, mostrou uma comissão com uma bela coreografia de índios com lindo figurino. O elemento cenográfico trazia uma mata que em num momento pegava fogo. Da alegoria, onças saiam fugindo do fogo. Acabamento sensacional. Não posso analisar mais do que isso, porque a Globo não mostrou a coreografia completa. Destaco, por mais um carnaval, a péssima transmissão da Globo, que tem todos os recursos técnicos pra fazer excelentes transmissões, mas não tem sensibilidade, não entendem nada de carnaval, não estão nem aí pra mostrar o que eles mesmos chamam de 'maior espetáculo da Terra'. Falta de respeito. Falta de consideração. Não vimos Martinho da Vila e Sabrina Satto apresentando a escola. A Globo não entende nada de carnaval e não liga pra nós que gostamos.

Comissão da Vila Isabel

Início gigante. Deslumbrante. Fantasias luxuosas, cores fortes, acabamento impecável. O Abre-Alas com três carros acoplados, 70 metros de comprimento e uma altura máxima de 20 metros. O maior carro do carnaval até aqui. O azul predominante. Esculturas, iluminação, sensacional. Trouxe o símbolo da escola, a mata e a mãe índia, apresentando seu filho, o índio do enredo que irá viajar o Brasil até Brasília, passando pelas regiões do país. Espetáculo impactante. LUXO. As alas atrás do Abre-Alas começam a passear pelo Brasil. O Sul do país, assim como o segundo carro com 2 bois gigantes no início do carro. Carro de boi e as tradições do Sul como o vinho. O passeio continua pelo Sudeste. Bossa nova, praias, as passistas e bateria dentro do Sudeste. O terceiro carro trás Juscelino Kubitschek em Diamantina, sua terra natal. Carro com azulejos de Minas, painéis enormes passando imagens de Minas. A arquitetura do estado também muito presente, muito bom gosto. E veio o Nordeste. Nas alas, Berimbaus, festas de Pernambuco, a caatinga, cangaceiros, os retirantes a caminho de Brasília. O quarto carro é um pau-de-arara a caminho de Brasília. Lindo. Amarelo e terra. Muitas esculturas, elementos giratórios, grandiosa, a Vila. O último carro representou Brasília e sua arquitetura. A catedral da capital federal com a coroa da Vila em cima e tudo espelhado. Sem dúvida, até agora, a mais luxuosa. O carnaval mais caro de 2020. O samba bom. melodioso, cadenciado, comunidade cantou muito. Se teve um ponto negativo, foi o entendimento do enredo. Como foi uma lenda criada pelo carnavalesco, não há identificação. Não foi difícil, mas sem explicação dos comentaristas, tive que me esforçar para entender algumas coisas. Não deve atrapalhar no julgamento dos jurados. A Vila tá no páreo.

Abre-Alas esplêndido


Acadêmicos do Salgueiro: Grandioso
Enredo: 'O Rei Negro do Picadeiro'

O Salgueiro trouxe a história de Benjamin de Oliveira. Um morador do morro do Salgueiro que fugiu com o circo e se tornou o primeiro palhaço negro do Brasil. Ele se tornou um artista completo. Ator, diretor, palhaço, cantor, compositor e dançarino.

Comissão de Frente: Impossível comentar. A merda da Rede Globo não mostrou nada. Eu queria saber quando a Globo vai aprender a transmitir o carnaval com o respeito que ele merece. Pelo amor de Deus. Achei essa postagem do Facebook de gente que estava na arquibancada e fez, com um simples celular, melhor que a poderosa Rede Globo. Filmagem Facebook

Um tripé gigante com dois elefantes montados em bicicletas. Lindo, mas teve problemas e veio lento. Abriu um buraco considerável na terceira parte da avenida e se estendeu até o fim. Certamente perderá pontos em Harmonia e Evolução.

Os tripés que causaram o problema

Atrás dos elefantes, o Abre-Alas. Um enorme circo amarelo e vermelho. Esculturas grandiosas. Ursos, leões, cavalos, lonas, muitos componentes. Lindo. Alas belíssimas. fantasias luxuosas. Coelhos saindo de cartolas, equilibristas de pratos, atiradores de facas. O segundo carro, um grande picadeiro. Malabaristas, anões, equilibristas, destaques lindos, trapezistas. Em seguida alas de videntes com mesas e bolas de cristal, Palhaços, bailarinas, músicos, mágicos, compositores, um tripé trouxe o ator Ailton Graça representando Benjamin de Oliveira. Outro carro trouxe o humorista Hélio de La Peña como Benjamin de Oliveira, em outro momento da vida. O último carro grandioso. Uma escultura de Benjamin de Oliveira com 20 metros sentado no alto do carro, colocando e tirando uma máscara de palhaço como a maquiagem que ele usava de verdade. Na traseira, um palhaço tradicional enorme também. Um telão com imagens de humoristas negros. Sensacional. Quase todas as alas maquiadas, fantasias completas. Mangas, luvas adereços, cabeças, adornos, LUXO. Carnaval sem problemas de dinheiro. Colocou o circo na avenida. Alegre, lindo, rico. Achei o andamento do samba acelerado. Poderia ser um pouco mais lento. Acho que encaixaria melhor. Com os problemas de Harmonia e Evolução por conta dos buracos causados pelo tripé, não deve ter chance de ser campeão. Uma pena.

Salgueiro na avenida


Unidos da Tijuca: Bom desfile
Enredo: "Onde moram os sonhos"

A Tijuca mostrou a arquitetura e o urbanismo das grande cidades, das grande civilizações.

Comissão de frente: Trouxe a coreografia com componentes como grafites com macacões pretos. Em determinado momento acendiam leds coloridos pelo corpo. Entravam no elemento cenográfico acesos, junto com o Leonardo Da Vincci (grande arquiteto) e montavam uma construção, se empilhando e jorrando água de verdade como uma fonte. Um chafariz. Bonito. Houve um problema que certamente descontará pontos. Os leds de um dos componentes não acendeu.

O Abre-Alas trouxe o Cristo Redentor, dentro do carro, cercado de pessoas, característica de Paulo Barros. O Cristo levantava e girava no alto do carro. Bonito. As alas em sequência, mostravam as grandes construções das civilizações passadas através das fantasias e elementos cenográficos representando as construções no meio das alas. Esses elementos facilitaram muito o entendimento do enredo.

Elementos cenográficos no meio das alas

Iraque, Egito, Coliseu de Roma, Grécia. O segundo carro, trás o exército de terra cota. Através de duas rampas, o exército sai do carro e compõe uma ala à frente do carro. Depois volta pro carro. Mais uma vez, Paulo Barros. Seguindo, trouxe as ocas, novamente no meio das alas, representando as construções indígenas. Outra ala, as casas coloniais, com o mesmo recurso do elemento cenográfico. As igrejas com as alas de dourado representando o ouro. A chegada da família real trazendo a arquitetura francesa. Academia Imperial de Belas Artes. As baianas vieram de Catedral de Brasília. O terceiro carro vem no mesmo estilo das baianas que estão à frente do carro, representando a Catedral de Brasília, em azul, espelhada, elementos giratórios. Esculturas sacras belíssimas em branco, como se fossem de mármore. Lindo. Na sequência, a preocupação com a natureza que pena com o progresso. Depois da passagem da bateria, veio a poluição nos mares com uma ala em que os componentes estavam dentro de um pano azul, simbolizando o mar poluído, os engarrafamentos, os problemas na avenida. O terceiro carro mostra o derretimento das geleiras. No alto, uma geleira derretendo com aguá de verdade caindo e uma escultura de um urso polar e seu filhote no que resta do gelo. Lindo. A partir daí, as soluções. Alas de bicicletas, trazendo as soluções para uma melhor qualidade de vida. Ala de reciclagem com fantasias feitas com materiais recicláveis, Construções sustentáveis. O último carro representa a qualidade de vida. Uma cidade ecologicamente prefeita. O último elemento do carro é o Cristo Redentor escrito 'PAZ". Iniciou e encerrou o desfile com o Cristo. Foi um bom desfile. O enredo muito bem explicado na avenida. O recurso dos elementos das construções no meio das alas ajudou muito a contar o enredo. Os carros de Paulo Barros belos como sempre. Mas não empolgou. Acho que não está no páreo.

Carro com a cara de Paulo Barros


Mocidade Independente de Padre Miguel: Campeã
Enredo: "Elza Deusa Soares"

Comissão de Frente: Sensacional. A melhor até agora. Começa com o início de vida difícil de Elza Soares, com lata d'água na cabeça. As bailarinas sambando com latas na cabeça. Mostrou a perseguição que sofreu. Os elementos cenográficos representando as casas pobre que viveu. Em um segundo momento, as portas das casas se abrem e surgem Elzas já estrelas. Um palco aparece com hologramas sensacionais com imagens dela e do símbolo da escola. Espetacular.

As estrelas Elzas da comissão de frente

O Abre-Alas representando a estrela Elza, em sua primeira apresentação no programa de Ary Barroso. Quem representou Elza foi sua neta, com um vestido igual ao dela, apertado com alfinetes, pois o vestido era de sua mãe. Um bela escultura com o rosto de Ary Barroso. Os louva-deuses que ela usava no ouvi pra afinar a voz, instrumentos, a Era do rádio, misturado a casas simples, fumaça, aguá no carro, componentes com lata na cabeça, iluminação. Grande e de muito bom gosto. As alas representando as crenças de Elza. Caboclo, a vaca que a lambeu para lhe curar. Um tripé com São Jorge, exu, vários simbolismos. Na sequência os trabalhos. Fábrica de sabão, doméstica. faxineira. E vieram as alas com os trabalhos musicais. Uma ala faz referência ao futebol. O segundo carro, faz referência ao Botafogo e a ligação com Garrincha. Imagens no telão do carro com grandes momentos dela com Lui Armstrong, Astor Piazzola, Lupcínio Rodrigues, por exemplo. Depois desse carro, uma homenagem ao Salgueiro, onde ela foi a primeira mulher a cantar um samba-enredo. Na bataria, a batuta na mão do mestre Dudu, é a mesma que Elza deu ao famoso e saudoso Mestre André, da Mocidade. Depois da bateria, os enredos da Mocidade em que Elza participou. As baianas representaram o último carnaval defendido por Elza na Mocidade, em 1976. Alas representando as apresentações dela em circos. O quarto carro vem justamente com o circo. Uma pantera negra enorme. Pantera era seu apelido quando criança. Linda. Na sequência, a superação, a luta de Elza pra vencer. No último carro, ela veio. Sentada. Emocionada. Amigos e família. Bateria espetacular com 4 paradinhas sensacionais. Um andamento lento à moda antiga, perfeito para o ótimo samba, pra mim, o melhor do ano e a melhor bateria também. Tirando a comissão de frente que foi luxuosíssima e muito cara, com certeza, as alas estavam bem vestidas, mas sem luxo. Fantasias muito bem elaboradas que contaram a história do enredo. Os carros de muito bom gosto, alguns grandes e muito dentro do enredo. Bom, pra mim, pintou a campeã.

A homenageada Elza Soares


Beija-Flor: No páreo
Enredo: "Se essa rua fosse minha"

O enredo trouxe os caminhos pelas ruas e rotas que o homem percorreu ao longo da existência. Caminhos de conquistas, de fugas e imaginários. Trouxe o exu e as entidades do povo de rua. E promete terminar o desfile na rua do samba. A Sapucaí.

Comissão de frente: Gangues se enfrentaram num ferro velho na esquina da Avenida Brasil com a BR 040. Inspirado nas gangues de Nova Yorque, com traços de Mad Max, as gangues brigam. Em determinado momento, carros se movimentam na avenida. As carcaças abrem, os membros das gangues somem e aparecem entidades do povo de rua. Grandioso. Muito risco, pois os elementos tinham movimentos independentes. Todos tinham que funcionar até o fim.

A luta das gangues

O desfile começa com as pontes de gelo. O Abre-Alas todo em branco e fumaça, representando as rotas da Era glacial. Beija-flores estilizados, como se fossem pré-histórico, brancos no topo da alegoria. Iluminação discreta em pontos específicos do carro, deram um efeito ótimo. Grandioso. Ala com a invenção da roda que facilitou as viagens. A mais antiga rota que se tem notícia na Pérsia, veio na sequência. As baianas vieram com a rota da seda, na China. A rota do comércio, os Etruscos. A expansão romana. O segundo carro representa o Império Romano. Estrutura romana com uma escultura de um imperador romano no alto do carro. Enorme. Linda. Vários componentes no carro. Soldados. Fantasias lindas. Cavalos, símbolos romanos representados. O Império Romano responsável por abrir muitas rotas em suas conquistas. Na sequência, a água. Os caminhos que a água levou. Caminhos sul americanos no Peru, no Brasil. Os Bandeirantes, desbravadores do país usando os rios. Os caminhos de Minas Gerais. Pelas ruas do Rio no tempo de Debret. O terceiro carro vem com o Rio de Debret. Uma escultura do pintor no topo do carro com aquarela e pincel, movimentos de braços e cabeça. Lindo. Referência a primeira rua a receber calçamento no Rio de Janeiro. A Ladeira da Misericórdia. Calçada feita por negros escravos. Lá estão eles de novo calçando a ladeira no carro. Esculturas de negras escravas belíssimas. Seguem os caminhos. As ruas como palco de manifestações de fé. Meca. Budismo com as escaladas ao topo do mundo. Judaísmo. A bateria veio de cigano. Povo que vive nas estradas. Lavagem do Bonfim. Os romeiros de Aparecida. O terceiro carro veio com Nossa Senhora de Aparecida representando as romarias. O carro tem 25 metros, acho que o mais alto a passar neste carnaval. Muita luz nesse carro todo em amarelo. Muitos destaques muito luxo. Símbolos católicos. Na sequência, as ruas de metrópoles mundiais. Nova Yorque, Paris, Abbey Road, em Liverpool, a rua da famosa capa do disco dos Beatles. Buenos Aires com o tango, Copacabana, Av. Atlântica, O quarto carro Copacabana. Destaque de sereia, o sol, uma escultura linda de sereia. Na sequência os caminhos imaginários. A via Láctea, o labirinto do minotauro, fada do arco-iris, gnomos, o fechamento com pedrinhas de brilhantes. O último carro fecha com a Marquês de Sapucaí calçada de brilhantes. Espelhos, branco e azul, cores da escola, elementos giratórios, destaques girando com o elemento, iluminação e a Apoteose no fundo do carro. A Beija-Flor fecha o desfile com uma ala simples. A ala do povo na rua. Fantasias simples, brancas, trazendo faixas com frases de antigos sambas da escola. O samba é bom, a cara da escola. Bateria deu show. Ótimas paradas. Um andamento um pouco acelerado, mas combinou com o samba. Ta no páreo.

Carro Império Romano

Todas as fotos são do G1

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Resumo do desfile de domingo

Surpreendente. Com todas as notícias sobre os problemas de falta de dinheiro para as escolas de samba, a expectativa para os desfile estava baixa. Mas a grande maioria das escolas de domingo surpreendeu. Algumas escolas conseguiram fazer um desfile que não deixou nada a desejar a anos anteriores. Mesmo as que apresentaram dificuldades, deram soluções muito criativas. Um domingo espetacular. Quatro desfiles sensacionais.

Destaques:

Portela, Viradouro, Grande Rio fizeram desfiles excelentes. Detalhes vão dividir a preferência entre essas 3 escolas. Desfiles com muito poucas falhas. Enredos bem contados, com ótimas alegorias, fantasias e sambas. Na minha opinião, a Portela foi melhor, com um desfile impecável. Viradouro teve problemas para contar o enredo e samba muito acelerado com letra difícil, mas os refrões funcionaram muito bem. Grande Rio com ótimos carros e fantasias, samba bom, mas teve um grande problema com o Abre-Alas na entrada da avenida. Um grande buraco se abriu antes do início da avenida, mas a escola ficou muito tempo parada esperando acoplar a segunda parte do carro que demorou para entrar, pois os destaques ainda estavam sendo posicionados. Isso pode atrapalhar as notas.

A Mangueira criou muita expectativa antes do carnaval com o enredo prometendo um Jesus diferente. A polêmica criada com o tema, gerou uma enorme expectativa. O desfile não teve o impacto esperado. Foi um ótimo desfile. A escola realmente trouxe Jesus de várias formas diferentes. Como se tivesse nascido hoje em dia, como negro, como mulher e misturou em outras partes do desfile com o Jesus tradicional, não abandonando nem negando a história de Cristo. Foi bem, mas acredito que a expectativa criada não correspondeu com o impacto na avenida.

Tuiuti e Estácio: Essas mostraram as dificuldades financeiras. Fantasias com materiais muito simples, carros com acabamento também muito simples. Foram bons desfiles, com ótimas soluções, enredos bons, mas ficou evidente a dificuldade.

A Ilha foi a tragédia da noite e muito provavelmente a maior deste carnaval. Logo no início do desfile, o segundo carro teve problemas bem no meio da avenida. O motor parou e a escola teve muita dificuldade para fazer o carro se movimentar. O pessoal da escola empurrou o carro, mas a harmonia não parou e a parte da frente continuou evoluindo, o que abriu um buraco de mais ou menos 100 metros. Quando a última ala estava quase na apoteose, finalmente parou para esperar o segundo carro, mas já era tarde. Todo o resto da Ilha passou sentindo os efeitos do problema e certamente terá muitos descontos em vários quesitos. Uma pena, pois os carros estavam lindos, fantasias com ótimas soluções, samba com letra simples, contando o enredo que era ótimo. Fazendo críticas, trazendo os problemas das favelas, das crianças, apresentando a educação como a solução, enfim, a cara da Ilha. Vários carros muito impactantes, inclusive o que teve problemas. Seria mais um desfile excelente da noite. Que tristeza.

Ilha simula um assalto em um ônibus

Carro mostrando os políticos cagando para o povo

Análise desfile domingo Especial

Estácio de Sá: Bom desfile
Enredo: Pedra

O enredo conta a história da humanidade em relação as pedras. Desde a idade da pedra, até a chegada do homem à lua, onde coleta uma pequena pedra de dois bilhões de anos e dois centímetros. O Abre-Alas trás a idade da pedra com rochas enormes e muitos fósseis além de vários componentes. No alto, no fim do carro vem o leão símbolo da escola, com movimentos de abertura de boca muito bonito. A iluminação também muito boa. Após o Abre-Alas a escola faz referências às pedras preciosas, inclusive no segundo carro. As baianas vieram de ouro. A escola também mostra a degradação do meio ambiente, pela exploração dos minérios. Claramente após as baianas, fica evidenciado a falta de recursos da escola no material das fantasias das alas, inclusive a bateria. O uso de franjas de plástico foi recorrente. Fantasias bem feitas, mas com materiais bem baratos. O carro representando Serra Pelada muito bom. Sem muito investimento mostrou perfeitamente o garimpo, trazendo o tom predominante de marrom da terra, com a iluminação amarela representando o ouro, além de destaques enormes em amarelo. Algumas caveiras enormes e esqueletos mostrando o sofrimento e a morte dos garimpeiros. O último carro trás a chegada à lua, com um São Jorge sobre um cavalo, astronautas e a mensagem de que se não tomarmos cuidado, a Terra pode ficar igual a lua. A letra do samba faz muitas referências ao enredo falando de várias pedras e suas relações com a humanidade. Não empolgou, mas passou a mensagem.

Comissão de Frente: Homens primatas, da idade da pedra, evoluíram em dança. Entrando no elemento, uma enorme pedra, presenciaram uma grande pedra se abrir, aparecendo o homem chegando à lua e fincando a bandeira da escola na lua. Com isso, representa o início e o fim do desfile.

O garimpo de Serra Pelada


Unidos do Viradouro: Luxo puro
Enredo: "Viradouro de alma lavada"

A Viradouro apostou no luxo. Aproveitou muito bem o investimentos feito pela prefeitura de Niterói que doou 1,8 milhão de reais para a escola. Carros enormes, luxuosos, com água, esculturas belíssimas, muitos componentes e acabamento impecável. O ponto negativo e que pode atrapalhar as notas, foi o último carro que passou apagado. As alas com fantasias lindíssimas. O enredo achei meio confuso. É clara a referência às mulheres. As lavadeiras, orixás femininos, referências a Bahia e mulheres baianas e tal. Mas a leitura das alas não foi fácil. Isso não tira o brilho e a exuberância do desfile.

Destaques:

Comissão de Frente: Surpreendente e luxuosa. Sensacional a transformação da componente em sereia, num aquário com 7 mil litros de água mineral grandioso, dentro do elemento da comissão. Muito impactante. Destaque negativo, como sempre, para a péssima transmissão da Globo, que mesmo com todos os recursos técnicos não tem a menos sensibilidade para transmitir o carnaval. Deixa apenas uma tomada da comissão e não consegue mostrar toda a coreografia. Triste incompetência.

Abre alas exuberante. Dourado predominante, com uma escultura de Oxum enorme na cabeça do carro. Outras esculturas representando Yemanjá em branco com iluminação azul. Uma cascata no centro do carro. Riquíssimo. Iluminação fortíssima.

Samba: Bateria muito acelerada. Refrões fortes. A letra difícil, mas os dois refrões repetem palavras fáceis facilitaram a identificação com o público. A bateria do mestre Ciça aproveitou a facilidade da repetição das palavras do refrão e fez paradas totais puxando o público as partes dos refrões.

Comissão de Frente Viradouro

Estação Primeira de Mangueia: No páreo
Enredo: “História pra ninar gente grande”

O enredo trás várias possibilidades de ver Jesus. A proposta é pensar como seria a relação entre raças, gêneros e entre todos se a representação de Jesus fosse diferente.. A Comissão de Frente trouxe o Jesus nos dias de hoje. No Abre-Alas, um Jesus negro, com Mestre Sargento como José e Alcione de Maria. Em um tripé veio pobre, como um mendigo, em cima de um burro, na representação do Domingo de Ramos. A Rainha da Bateria veio de Jesus mulher e negra. Outro tripé trouxe jovens negros de comunidades, mulheres, pobres,gays, índios todos crucificados como Jesus e baleados. A Mangueira encerra com Jesus negro renascendo na favela da Mangueira. Várias passagens conhecidas de Jesus foram representadas. O nascimento com os Reis Magos, multiplicação do pão e dos peixes, a revolta de Cristo contra o comércio da fé. Ponto importante também foi uma ala com vários líderes religiosos protestantes, católicos, religiões africanas, budistas todos representando a tolerância e repeito a todas as religiões e à escolha de todas as pessoas. Carros grandiosos e iluminação impecável. O que pode prejudicar a escola na pontuação dos jurados foi o fato de que alguns componentes da bateria baixaram a meia máscara de caveira que usavam. Se passaram assim diante de cabines de jurados, podem perder pontos em fantasias.

Destaques:

Comissão de Frente: Trouxe a história de Jesus para os dias atuais. Passou perfeitamente a proposta de Jesus ter nascido nos dias de hoje. Jesus com seus amigos tirando fotos no celular, Cubus se transformaram em caixas de som como os paredões dos bailes funk, e o fez renascer na favela da Mangueira. Trouxe referências também do tradicional como a santa ceia. Muito bom. Impactante.

Samba: Ótimo samba. Melodioso, excelente letra, que conta o enredo muito bem. A bateria colaborou não acelerando para exaltar as partes melodiosas. Funcionou muito bem. Um dos melhores sambas deste ano.

Tripé com jovens crucificados e baleados

Paraíso do Tuiuti: Enredo difícil
Enredo: “O santo e o rei”

O enredo conta o encontro de Dom Sebastião, Rei de Portugal com o São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. O encontro entre os dois aconteceu na Comissão de Frente no Maranhão. A escola apostou na cores da escola. Muito dourado com pinceladas de azul. Ótimo efeito. O Abre-Alas representando o nascimento do Rei desejado que recebeu o nome do santo. Muitas referências de Portugal, como os azulejos portugueses, a coroa portuguesa, o Papa, além do próprio Rei. Representado também estava a guerra na tentativa de retomar a península Ibérica, na qual o Rei sumiu na derrota considerada a maior da história lusitana. Os carros muito bem elaborados, bem acabados. Destaque, além do Abre-Alas para o carro que representa o castelo de São sebastião no fundo do mar, com um verde lindo, bolhas de sabão que deram o efeito de fundo do mar, duas anêmonas gigantes flutuando acima do carro como balões de gás hélio. Outro carro trouxe uma lenda do Touro Encantado do Maranhão. Um touro negro enorme no alto do carro soltava fumaça pelas narinas. Lindos adereços e acabamento. Novamente vimos um balão de hélio, agora representando a lua, flutuando sobre o carro.

Ótimas fantasias com muito boas soluções, muito coloridas. A dificuldade foi o entendimento do enredo. Por todo o desfile foi clara a tentativa de juntar os dois Sebastiões, mas sem as explicações dos comentaristas seria impossível entender a mensagem em várias alas. Tentativas de referência com Antônio Conselheiro e a guerra de Canudos, Euclides da Cunha, lendas brasileiras. Muito difícil. A escola termina com São Sebastião renascendo no morro do Tuiuti. Outro problema claro foi a aceleração no fim do desfile para não passar fora do tempo. Pode perder pontos em Evolução e Harmonia, principalmente nas duas cabines finais de jurados. Barra dourada das saias de várias baianas faltando pedaços e outras penduradas, podem perder pontos em fantasias.

Samba: Assim como a Viradouro, optou por acelerar o andamento. Um samba simples. Não empolgou.

Carro Castelo de São Sebastião no fundo do mar

Acadêmicos do Grande Rio: Colorida
Enredo: "Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias"

O enredo trás a história dos Caboclos. Pedra Preta, Jurema, Jupiara, entre muitos outros representados. Homenagearam, por conta do enredo sobre os caboclos, os índios, a floresta. Muitas referências a religiões africanas, Orixás e a mensagem clara no enredo e na letra do samba sobre a intolerância religiosa. O samba diz "...eu respeito seu amém, você respeita o meu axé...". Um início arrasador. Impactante. O Abre-Alas gigante, muito iluminado, efeitos de fumaça, muitos destaques. Outro carro trouxe esculturas de todos os orixás, alguns num círculo giratório. Um efeito muito bom. Fantasias de muito bom gosto, muito coloridas. O samba, apesar de não ter refrões de impacto e letra com muitas expressões referentes às religiões africanas, o que dificulta para o grande público cantar, funcionou. A escola conseguiu superar as dificuldades de entendimento do enredo. Bom desfile.

Destaque:

Comissão de Frente: Grandiosa. Uma cerimônia belíssima representando o Caboclo. Um elemento enorme com um espelho d'água onde a maior parte da cerimônia se passa, com caboclos dançando na água e entidades aparecendo. A iluminação na água fez efeitos sensacionais. Muito impactante.

Problemas:

Logo no início, um problema gravíssimo. A primeira parte do Abre-Alas entrou na avenida, mas a segunda parte ficou parada na Presidente Vargas esperando a colocação de destaques. A escola parou depois do início marcado na Avenida. Pode perder pontos no primeiro módulo julgador em Evolução e Harmonia. Outro carro teve dificuldade de dirigibilidade. Passou empurrado, meio de lado e fez alguns buracos a sua frente. Também pode prejudicar.

Problema na entrada do Abre-Alas

União da ilha do Governador: Tragédia
Enredo: Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salva-se quem puder!

A escola trouxe a realidade da favela, das comunidades com suas carências e apresentando soluções, principalmente a educação. Destaca também as partes positivas, as profissões como mototáxis, manicures, lavadeiras, passadeiras, vendedores de galinha, porco. As religiões também estavam nas favelas e juntas. Os carros muito bem feitos, muito bem acabados. Assim como todas as alas, trouxe o enredo facilmente lido com as alegrias e as mazelas das comunidades cariocas, como um ônibus em que passageiros foram assaltados em plena Marquês de Sapucaí. O samba não foi um samba lindo, mas de letra excelente que conta exatamente o que a escola passou em seu desfile. Um enredo de fácil leitura, sem necessidade de muitas explicações. Seria um ótimo desfile, não fossem os enormes problemas.

Destaques:

Comissão de Frente: Mostrou a transformação através da educação. Crianças de rua exploradas nas ruas, encontram uma estudante que os mostra o livros, o ABC. Entrando no elemento cenográfico, as crianças saem adultos formados representando várias profissões. No fim, a mensagem dos professores de que só a educação salva. Impactante.

Abra-Alas: Uma enorme favela com muitas referências. Motos, teleférico, carros velhos, fiações elétricas, pipas de verdade sendo empinadas, profissões. Uma lua enorme com um cavalo e o carnavalesco montado no cavalo vestido de São Jorge com lança e tudo. Não deixou de mostrar os agentes do tráfico, mas apenas com rádios comunicadores. O terceiro carro cheio com políticos e os poderosos do país sentados em vasos sanitários, com as calças arriadas, representando o que pensam da situação do povo das comunidades. Políticos jogando dinheiro retirados de malas e pastas. Ótima crítica. Não deixou de apresentar uma crítica forte. Foram helicópteros com a palavra paz. Dentro dos helicópteros, componentes jogavam flores para o público nunca clara referência à ordem do governador do Estado, Wilson Witzel, que ordenou que policiais atirassem dos helicópteros da polícia. Nenhum integrante da transmissão da Globo fez qualquer referência a isso. Só pra destacar que foi clara a posição da Globo em não falar nada sobre o assunto.

Mestre-Sala e Pota-Bandeira: A melhor, pra mim até agora. Figurino muito integrado ao enredo. Ela com uma peruca de nega maluca, uma favela com barracos na altura da cintura. Ele de malandro do morro. Terno branco riscado, sapato bicolor, chapéu de mandro, fugindo do tradicional para mergulhar no enredo.

Problemas:

O motor do segundo carro parou um pouco antes do meio da Avenida o que abriu  um  buraco de mais de 100 metros. Isso comprometeu toda a evolução do resto da escola. Certamente perderá muitos pontos em Harmonia, Evolução e Alegorias e Adereços. Além disso, atrasou em 1 minuto o término de seu desfile e perderá 0,1 (um décimo) de ponto. Pode perder pontos também por atrasar a retirada de carros da dispersão. Será muito difícil outra escola ter tantos problemas quanto a Ilha, o que a credencia ao rebaixamento à Série A em 2020.

Buraco de mais de 100 metros no meio da Avenida


Portela: A melhor da noite
Enredo: "Guajupiá, Terra sem Males."

O enredo retratou a história dos índios Tupinambás que habitavam a cidade do Rio de Janeiro bem antes da chegada dos portugueses, destaca a vida social, cultural, religiosa e política daqueles que são os primeiros "kariókas". A relação com os animais era de respeito. As araras, por exemplo, eram capturadas apenas para observação e soltavam depois. Os golfinhos que habitavam a Bahia da Guanabara estavam presentes em várias partes do desfile, inclusive no Abre-Alas. Uma escultura enorme de um curumim muito bem feita. O Abre-Alas exaltou também a fauna. Macaco-Prego, Onças, tucano, periquitos, ótimas esculturas. Ótimo efeito. Os instrumentos dos índios também presentes no desfile, assim como alimentação e bebidas. As festas dos Tupinambás representadas em um carro com esculturas sensacionais de índios com movimentos comendo, bebendo, e tocando instrumentos. Excelente. A evolução do desfile mostra o descobrimento e a resistência dos índios. O último carro mostra a construção das cidades com prédios enormes espelhados e índios atirando flechas acesas cravadas nos prédios. Trouxe também as mazelas causadas na natureza pelo descobrimento e pelo progresso numa clara crítica a nossa relação com a natureza. O samba cadenciado, a bateria respeitou a cadência e não acelerou. Não é um samba belíssimo, mas uma letra fácil, passa a mensagem do enredo. A escola passou bailando. Brincando. Passou a mensagem por completo. Não vi problemas.

Destaques:

Comissão de Frente: Um ritual Tupinambá mostra um cerimônia canibal. A tribo não era canibal, mas comia a carne do líder da tribo conquistada. Era uma honra devorar o inimigo e era um honra ser devorado, pois sua morte representava a salvação para seu povo conquistado. O ponto alto é a execução do índio, decapitado em um elemento cenográfico bem simples. Impactante.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Como índios tupinambás, encenaram o nascimento de um bebê na frente dos jurados. A barriga falsa da Porta-bandeira foi aberta por baixo pelo mestre-sala que retirou o bebê.

A águia com movimentos inéditos das asas

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Carnaval: Análise Série A (sábado)

Acadêmicos do Sossego: Parabéns
Enredo: "Os Tambores de Olokun"

Enredo difícil, samba um pouco confuso. Nego, irmão de Neguinho da Beija-Flor, ajudou muito a amenizar as dificuldades. A escola fez a mistura da África com Pernambuco, através do Maracatu. Apesar de problemas principalmente na harmonia, que correu no meio do desfile e depois atrasou no fim, a escola veio muito bem. Ótimas fantasias, muito bom acabamento. Comissão de frente muito boa também. A escola caprichou nas esculturas das alegorias. Excelentes carros. A prefeitura de Niterói investiu 1 milhão de reais na escola, que soube usar muito bem os recursos. Grata surpresa.

Inocentes de Belford Roxo: Bela Homenagem
Enredo: Marta

Enredo fácil, né? A escola contou a história da maior jogadora de futebol da história. Fantasias bonitas, bom acabamento. A escola investiu muito no primeiro carro. Um carro gigante (o maior até o momento) muitas luzes, ótimas esculturas. Os outros 2 carros bons, mas níveis abaixo do primeiro. Marta veio no último carro e como toda homenageada, a emoção foi visível. O samba podia ter sido melhor. Não empolgou. Mas no geral, a escola foi bem. Soluções ótimas para a crise financeira.



Unidos de Bangu: Ótimo samba. Ótima bateria. Ótimo carro de som
Enredo: "Memórias de um griô: A diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea"

Enrendo difícil, mas a escola trouxe muitas referências africanas nas fantasias, musas, carros e comissão de frente. Foi clara a preocupação com as fantasias das alas. Fato que não se repetiu com as alegorias. Carros com poucas esculturas e as que tinham foram bem simples. O acabamento dos carros muito simples, sem impacto. Evidenciando a falta de recursos. O carro principal, com mais investimento, teve problemas na iluminação e passou apagado por toda a avenida; O grande destaque ficou para a bateria e o carro de som. Pela primeira vez até agora, ficou clara a mudança de andamento da bateria para ajudar o samba que já era muito bom. A bateria não entrou no recuo e a escola acelerou claramente no fim do desfile, o que prejudicou a evolução. Foi um bom desfile e mais uma escola que deixa claro que a falta de recursos atrapalhou seu carnaval.

Acadêmicos de Santa Cruz: Excelente desfile
Enredo: “Santa Cruz de Barbalha, Um Conto Popular no Cariri Cearense”

Ótimo samba. Da comissão de frente ao tripé que encerrou o desfile, muita criatividade, ótima soluções nas fantasias. Alegorias muito bem feitas. Esculturas, acabamentos, iluminação em todos os carros e pela primeira vez na Série A, vimos o neon em uma alegoria. Certamente o orçamento foi maior que o da maioria das escolas. O enredo foi facilmente percebido por todas as alas. Misturou muito bem os elementos do sertão do Cariri como a cana de açúcar, os adereços das festas juninas, Santo Antônio, Lampião, com o verde da escola, sempre presente. Um desfile impecável. Até agora, a melhor da Série A, na minha opinião. Estará entre os primeiros lugares. Teve um problema na entrada do terceiro carro, o que pode prejudicar notas de evolução no primeiro jurado.



Imperatriz Leopoldinense: Gigante
Enredo: "O Teu Cabelo Não Nega (Só Dá Lalá)"

Reeditando o enredo do carnaval de 1981, a Imperatriz cumpriu seu papel de escola gigante. Fez um desfile muito acima das outras. Fantasias exuberantes, sobretudo os casais de mestre-sala e porta-bandeira, mas todas as alas muito bem acabadas, maquiagens, adereços, alegorias muito grandes e bem feitas. O samba conhecido, carro de som prefeito, a Imperatriz não perde o título, mesmo sem ver as que faltam. A diferença é enorme para as outras escolas. O regulamento é cruel fazendo subir apenas uma escola. Quando acontece de cair uma gigante como a Imperatriz, as outras quase não têm chance. Chega a ser covardia.



Unidos de Padre Miguel: Luxo
Enredo: "Ginga"

O enredo contou a história da capoeira. A leitura do enredo na avenida não foi fácil. Com as explicações dos locutores e comentaristas, fez sentido. Carros enormes, com muita luz e bom acabamento. Fantasias luxuosas e muito capricho. Há anos a escola faz grandes carnavais com vários vices campeonatos e terceiros lugares. Vem se destacando nesta década. O samba não ajudou muito. Bateria acelerada, deu um bom ritmo ao desfile. Vi algumas falhas em alguns carros provocadas talvez pela chuva ou por alguma batida. Algumas esculturas com bocas quebradas, por exemplo. No geral foi um desfile luxuoso, bonito, mas com um samba que não ajudou e algumas falhas, principalmente nas alegorias.

Império da Tijuca:
Enredo: "Quimeras de um eterno aprendiz"

Trouxe a cultura em seu enredo. A educação vencendo as quimeras representadas por monstros mitológicos. Carros simples, mas com luzes e esculturas bem feitas. Boas soluções de acabamentos com muita gente nos carros. Fantasias com materiais simples, baratos. Algumas funcionaram outras não. Apostou em tons de cores diferentes. azuis e verdes bem diferentes. O samba não ajudou, apesar de o carro de som ter feito um ótimo trabalho. Fez um desfile para se manter na série A, sem chances de disputar as primeiras colocações.

Classificação antes da apuração, apenas com minhas impressões. Essa é a minha opinião.

1 Imperatriz Leopoldinense
2 Acadêmicos de Santa Cruz
3 Porto da Pedra
4 Unidos de Padre Miguel
5 Inocentes de Belford Roxo
Acadêmicos de Vigário Geral


Destaque para Vigário Geral

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Carnaval: Análise Série A (sexta-feira)

Com menos dinheiro, todas as escolas tiveram que usar a criatividade para se superar.

Acadêmicos de Vigário Geral: Surpreendeu
Enredo: a farsa da história do Brasil, do descobrimento até hoje.

Pela primeira vez na Série A, a escola se saiu muito bem. Belas fantasias com ótimas soluções. Bom samba, alegria dos componentes e críticas aos governos atuais, inclusive com um tripé representando o presidente Jair Bolsonaro como o palhaço Bozo, com faixa presidencial e fazendo 'arminha' com as mão. A escola teve problemas na dispersão e as alegorias não agraram muito. Carros muito simples, destacando as condições financeiras. Mas no geral, fez um ótimo desfile para a primeira vez na Série A.

Acadêmicos da Rocinha: Decepção
Enredo: A história da Vovó Maria Conga

O samba era bom, contava a história do enredo, componentes com garra, como sempre, o enredo de fácil leitura e identificação. Apesar das qualidades, o desfile deixou a desejar. Fantasias muito simples, carros com problemas graves, escola muito pobre para a Série A, mesmo com os problemas financeiros que todas enfrentaram este ano. Além disso, teve problemas de evolução, deixando buracos grandes principalmente no fim da escola. Uma pena.


Unidos da Ponte: Bom desfile
Enredo: Elos da Eternidade

Venceu bem os problemas financeiros com ótimas soluções de fantasias e alegorias. O desfile mostrou a luta do homem na tentativa da eternidade. Mostrou que a eternidade é alcançada pelo legado que se deixa. Obras de arte, descobertas e tudo que se perpetua. Fechou o desfile com os grandes carnavais que ficaram eternizados. Muito bom desfile. O ponto fraco foi o acabamento de algumas fantasias e alegorias, que podemos creditar às dificuldades financeiras.

Porto da Pedra: A melhor
Enredo: Baianas

Com um enredo leve e de fácil leitura, a Porto da Pedra apostou na simplicidade e deu certo. As alas contavam o enredo sem precisar de legenda. Muito fácil o entendimento. O samba ajudou. Não vi grande erros no desfile. Não foi exuberante, mas foi simples, passou a mensagem facilmente. Passou leve e animou o público.


Acadêmicos do Cubango: A mais Luxuosa
Enredo: A Voz da Liberdade (A história de Luiz Gama, importante abolicionista)

O luxo, proporcionado pelo investimento de um milhão e meio de reais, feito pela prefeitura de Niterói, não foi suficiente para a Cubango fazer um bom desfile. Carros grandes e bonitos tiveram problemas. Parte de alegorias quebradas prejudicaram muito. O abre-alas desacoplou e passou separado logo na primeira cabine de jurados. Parte da pata de um enorme cavalo quebrou e por toda a avenida, componentes da escola desfilaram segurando a parte que se soltou. Talvez pelos problemas logo no início, a escola passou tensa e não empolgou. O ponto positivo foi a comissão de frente. Para mim, a melhor da noite. Uma pena.

Renascer de Jacarepaguá: Pobre
Enredo: "Eu que te Benzo, Deus que te Cura" (Benzedeiras)

Um bom enredo, de fácil entendimento, empolgação de seus componentes, um bom samba. As coisas boas acabam aqui. Muitos problemas em fantasias e alegorias. Fantasias muito simples, com braços descobertos e materiais que não condizem com a Série A. A Renascer, para mim, foi a escola que mais sentiu os problemas nas finanças. Com problemas também na evolução, a Renascer só não foi pior que a Império Serrano.

Império Serrano: Vergonha
Enredo: “Lugar de mulher é onde ela quiser”

A Império Serrano apostou em um enredo da moda. Logo no início do desfile, uma tragédia para os amantes do carnaval. As baianas da Império Serrano desfilaram sem as saias. De bermudas, apenas com a parte de cima das fantasias, as pobres baianas sofriam tentando não se abater com o fato de estarem sem seus adereços principais. Uma vergonha. Uma coisa inaceitável. Imperdoável. Se não bastasse, componentes da bateria, outra parte essencial de uma escola de samba, desfilaram de chinelos e vários sem os adereços de cabeça. Um dos carros quebrou e teve que ser empurrado por quase toda a avenida. Nos carros e nas fantasias de muitas alas, deu pra perceber que o desfile foi pensado. Planejado. A escola priorizou o verde de seu pavilhão. Contou o enredo. Mas os erros imperdoáveis com alas tradicionais, evidenciaram a falta de competência e comprometimento com a tradição de uma escola que é um dos pilares do samba. Que tristeza. Que vergonha.


Então Tá. Amanhã falo do sábado.

Dentro da bateria do Salgueiro na Conde de Bonfim 2020