segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Análise desfile domingo Especial

Estácio de Sá: Bom desfile
Enredo: Pedra

O enredo conta a história da humanidade em relação as pedras. Desde a idade da pedra, até a chegada do homem à lua, onde coleta uma pequena pedra de dois bilhões de anos e dois centímetros. O Abre-Alas trás a idade da pedra com rochas enormes e muitos fósseis além de vários componentes. No alto, no fim do carro vem o leão símbolo da escola, com movimentos de abertura de boca muito bonito. A iluminação também muito boa. Após o Abre-Alas a escola faz referências às pedras preciosas, inclusive no segundo carro. As baianas vieram de ouro. A escola também mostra a degradação do meio ambiente, pela exploração dos minérios. Claramente após as baianas, fica evidenciado a falta de recursos da escola no material das fantasias das alas, inclusive a bateria. O uso de franjas de plástico foi recorrente. Fantasias bem feitas, mas com materiais bem baratos. O carro representando Serra Pelada muito bom. Sem muito investimento mostrou perfeitamente o garimpo, trazendo o tom predominante de marrom da terra, com a iluminação amarela representando o ouro, além de destaques enormes em amarelo. Algumas caveiras enormes e esqueletos mostrando o sofrimento e a morte dos garimpeiros. O último carro trás a chegada à lua, com um São Jorge sobre um cavalo, astronautas e a mensagem de que se não tomarmos cuidado, a Terra pode ficar igual a lua. A letra do samba faz muitas referências ao enredo falando de várias pedras e suas relações com a humanidade. Não empolgou, mas passou a mensagem.

Comissão de Frente: Homens primatas, da idade da pedra, evoluíram em dança. Entrando no elemento, uma enorme pedra, presenciaram uma grande pedra se abrir, aparecendo o homem chegando à lua e fincando a bandeira da escola na lua. Com isso, representa o início e o fim do desfile.

O garimpo de Serra Pelada


Unidos do Viradouro: Luxo puro
Enredo: "Viradouro de alma lavada"

A Viradouro apostou no luxo. Aproveitou muito bem o investimentos feito pela prefeitura de Niterói que doou 1,8 milhão de reais para a escola. Carros enormes, luxuosos, com água, esculturas belíssimas, muitos componentes e acabamento impecável. O ponto negativo e que pode atrapalhar as notas, foi o último carro que passou apagado. As alas com fantasias lindíssimas. O enredo achei meio confuso. É clara a referência às mulheres. As lavadeiras, orixás femininos, referências a Bahia e mulheres baianas e tal. Mas a leitura das alas não foi fácil. Isso não tira o brilho e a exuberância do desfile.

Destaques:

Comissão de Frente: Surpreendente e luxuosa. Sensacional a transformação da componente em sereia, num aquário com 7 mil litros de água mineral grandioso, dentro do elemento da comissão. Muito impactante. Destaque negativo, como sempre, para a péssima transmissão da Globo, que mesmo com todos os recursos técnicos não tem a menos sensibilidade para transmitir o carnaval. Deixa apenas uma tomada da comissão e não consegue mostrar toda a coreografia. Triste incompetência.

Abre alas exuberante. Dourado predominante, com uma escultura de Oxum enorme na cabeça do carro. Outras esculturas representando Yemanjá em branco com iluminação azul. Uma cascata no centro do carro. Riquíssimo. Iluminação fortíssima.

Samba: Bateria muito acelerada. Refrões fortes. A letra difícil, mas os dois refrões repetem palavras fáceis facilitaram a identificação com o público. A bateria do mestre Ciça aproveitou a facilidade da repetição das palavras do refrão e fez paradas totais puxando o público as partes dos refrões.

Comissão de Frente Viradouro

Estação Primeira de Mangueia: No páreo
Enredo: “História pra ninar gente grande”

O enredo trás várias possibilidades de ver Jesus. A proposta é pensar como seria a relação entre raças, gêneros e entre todos se a representação de Jesus fosse diferente.. A Comissão de Frente trouxe o Jesus nos dias de hoje. No Abre-Alas, um Jesus negro, com Mestre Sargento como José e Alcione de Maria. Em um tripé veio pobre, como um mendigo, em cima de um burro, na representação do Domingo de Ramos. A Rainha da Bateria veio de Jesus mulher e negra. Outro tripé trouxe jovens negros de comunidades, mulheres, pobres,gays, índios todos crucificados como Jesus e baleados. A Mangueira encerra com Jesus negro renascendo na favela da Mangueira. Várias passagens conhecidas de Jesus foram representadas. O nascimento com os Reis Magos, multiplicação do pão e dos peixes, a revolta de Cristo contra o comércio da fé. Ponto importante também foi uma ala com vários líderes religiosos protestantes, católicos, religiões africanas, budistas todos representando a tolerância e repeito a todas as religiões e à escolha de todas as pessoas. Carros grandiosos e iluminação impecável. O que pode prejudicar a escola na pontuação dos jurados foi o fato de que alguns componentes da bateria baixaram a meia máscara de caveira que usavam. Se passaram assim diante de cabines de jurados, podem perder pontos em fantasias.

Destaques:

Comissão de Frente: Trouxe a história de Jesus para os dias atuais. Passou perfeitamente a proposta de Jesus ter nascido nos dias de hoje. Jesus com seus amigos tirando fotos no celular, Cubus se transformaram em caixas de som como os paredões dos bailes funk, e o fez renascer na favela da Mangueira. Trouxe referências também do tradicional como a santa ceia. Muito bom. Impactante.

Samba: Ótimo samba. Melodioso, excelente letra, que conta o enredo muito bem. A bateria colaborou não acelerando para exaltar as partes melodiosas. Funcionou muito bem. Um dos melhores sambas deste ano.

Tripé com jovens crucificados e baleados

Paraíso do Tuiuti: Enredo difícil
Enredo: “O santo e o rei”

O enredo conta o encontro de Dom Sebastião, Rei de Portugal com o São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro. O encontro entre os dois aconteceu na Comissão de Frente no Maranhão. A escola apostou na cores da escola. Muito dourado com pinceladas de azul. Ótimo efeito. O Abre-Alas representando o nascimento do Rei desejado que recebeu o nome do santo. Muitas referências de Portugal, como os azulejos portugueses, a coroa portuguesa, o Papa, além do próprio Rei. Representado também estava a guerra na tentativa de retomar a península Ibérica, na qual o Rei sumiu na derrota considerada a maior da história lusitana. Os carros muito bem elaborados, bem acabados. Destaque, além do Abre-Alas para o carro que representa o castelo de São sebastião no fundo do mar, com um verde lindo, bolhas de sabão que deram o efeito de fundo do mar, duas anêmonas gigantes flutuando acima do carro como balões de gás hélio. Outro carro trouxe uma lenda do Touro Encantado do Maranhão. Um touro negro enorme no alto do carro soltava fumaça pelas narinas. Lindos adereços e acabamento. Novamente vimos um balão de hélio, agora representando a lua, flutuando sobre o carro.

Ótimas fantasias com muito boas soluções, muito coloridas. A dificuldade foi o entendimento do enredo. Por todo o desfile foi clara a tentativa de juntar os dois Sebastiões, mas sem as explicações dos comentaristas seria impossível entender a mensagem em várias alas. Tentativas de referência com Antônio Conselheiro e a guerra de Canudos, Euclides da Cunha, lendas brasileiras. Muito difícil. A escola termina com São Sebastião renascendo no morro do Tuiuti. Outro problema claro foi a aceleração no fim do desfile para não passar fora do tempo. Pode perder pontos em Evolução e Harmonia, principalmente nas duas cabines finais de jurados. Barra dourada das saias de várias baianas faltando pedaços e outras penduradas, podem perder pontos em fantasias.

Samba: Assim como a Viradouro, optou por acelerar o andamento. Um samba simples. Não empolgou.

Carro Castelo de São Sebastião no fundo do mar

Acadêmicos do Grande Rio: Colorida
Enredo: "Tata Londirá: o Canto do Caboclo no Quilombo de Caxias"

O enredo trás a história dos Caboclos. Pedra Preta, Jurema, Jupiara, entre muitos outros representados. Homenagearam, por conta do enredo sobre os caboclos, os índios, a floresta. Muitas referências a religiões africanas, Orixás e a mensagem clara no enredo e na letra do samba sobre a intolerância religiosa. O samba diz "...eu respeito seu amém, você respeita o meu axé...". Um início arrasador. Impactante. O Abre-Alas gigante, muito iluminado, efeitos de fumaça, muitos destaques. Outro carro trouxe esculturas de todos os orixás, alguns num círculo giratório. Um efeito muito bom. Fantasias de muito bom gosto, muito coloridas. O samba, apesar de não ter refrões de impacto e letra com muitas expressões referentes às religiões africanas, o que dificulta para o grande público cantar, funcionou. A escola conseguiu superar as dificuldades de entendimento do enredo. Bom desfile.

Destaque:

Comissão de Frente: Grandiosa. Uma cerimônia belíssima representando o Caboclo. Um elemento enorme com um espelho d'água onde a maior parte da cerimônia se passa, com caboclos dançando na água e entidades aparecendo. A iluminação na água fez efeitos sensacionais. Muito impactante.

Problemas:

Logo no início, um problema gravíssimo. A primeira parte do Abre-Alas entrou na avenida, mas a segunda parte ficou parada na Presidente Vargas esperando a colocação de destaques. A escola parou depois do início marcado na Avenida. Pode perder pontos no primeiro módulo julgador em Evolução e Harmonia. Outro carro teve dificuldade de dirigibilidade. Passou empurrado, meio de lado e fez alguns buracos a sua frente. Também pode prejudicar.

Problema na entrada do Abre-Alas

União da ilha do Governador: Tragédia
Enredo: Nas encruzilhadas da vida, entre becos, ruas e vielas, a sorte está lançada: salva-se quem puder!

A escola trouxe a realidade da favela, das comunidades com suas carências e apresentando soluções, principalmente a educação. Destaca também as partes positivas, as profissões como mototáxis, manicures, lavadeiras, passadeiras, vendedores de galinha, porco. As religiões também estavam nas favelas e juntas. Os carros muito bem feitos, muito bem acabados. Assim como todas as alas, trouxe o enredo facilmente lido com as alegrias e as mazelas das comunidades cariocas, como um ônibus em que passageiros foram assaltados em plena Marquês de Sapucaí. O samba não foi um samba lindo, mas de letra excelente que conta exatamente o que a escola passou em seu desfile. Um enredo de fácil leitura, sem necessidade de muitas explicações. Seria um ótimo desfile, não fossem os enormes problemas.

Destaques:

Comissão de Frente: Mostrou a transformação através da educação. Crianças de rua exploradas nas ruas, encontram uma estudante que os mostra o livros, o ABC. Entrando no elemento cenográfico, as crianças saem adultos formados representando várias profissões. No fim, a mensagem dos professores de que só a educação salva. Impactante.

Abra-Alas: Uma enorme favela com muitas referências. Motos, teleférico, carros velhos, fiações elétricas, pipas de verdade sendo empinadas, profissões. Uma lua enorme com um cavalo e o carnavalesco montado no cavalo vestido de São Jorge com lança e tudo. Não deixou de mostrar os agentes do tráfico, mas apenas com rádios comunicadores. O terceiro carro cheio com políticos e os poderosos do país sentados em vasos sanitários, com as calças arriadas, representando o que pensam da situação do povo das comunidades. Políticos jogando dinheiro retirados de malas e pastas. Ótima crítica. Não deixou de apresentar uma crítica forte. Foram helicópteros com a palavra paz. Dentro dos helicópteros, componentes jogavam flores para o público nunca clara referência à ordem do governador do Estado, Wilson Witzel, que ordenou que policiais atirassem dos helicópteros da polícia. Nenhum integrante da transmissão da Globo fez qualquer referência a isso. Só pra destacar que foi clara a posição da Globo em não falar nada sobre o assunto.

Mestre-Sala e Pota-Bandeira: A melhor, pra mim até agora. Figurino muito integrado ao enredo. Ela com uma peruca de nega maluca, uma favela com barracos na altura da cintura. Ele de malandro do morro. Terno branco riscado, sapato bicolor, chapéu de mandro, fugindo do tradicional para mergulhar no enredo.

Problemas:

O motor do segundo carro parou um pouco antes do meio da Avenida o que abriu  um  buraco de mais de 100 metros. Isso comprometeu toda a evolução do resto da escola. Certamente perderá muitos pontos em Harmonia, Evolução e Alegorias e Adereços. Além disso, atrasou em 1 minuto o término de seu desfile e perderá 0,1 (um décimo) de ponto. Pode perder pontos também por atrasar a retirada de carros da dispersão. Será muito difícil outra escola ter tantos problemas quanto a Ilha, o que a credencia ao rebaixamento à Série A em 2020.

Buraco de mais de 100 metros no meio da Avenida


Portela: A melhor da noite
Enredo: "Guajupiá, Terra sem Males."

O enredo retratou a história dos índios Tupinambás que habitavam a cidade do Rio de Janeiro bem antes da chegada dos portugueses, destaca a vida social, cultural, religiosa e política daqueles que são os primeiros "kariókas". A relação com os animais era de respeito. As araras, por exemplo, eram capturadas apenas para observação e soltavam depois. Os golfinhos que habitavam a Bahia da Guanabara estavam presentes em várias partes do desfile, inclusive no Abre-Alas. Uma escultura enorme de um curumim muito bem feita. O Abre-Alas exaltou também a fauna. Macaco-Prego, Onças, tucano, periquitos, ótimas esculturas. Ótimo efeito. Os instrumentos dos índios também presentes no desfile, assim como alimentação e bebidas. As festas dos Tupinambás representadas em um carro com esculturas sensacionais de índios com movimentos comendo, bebendo, e tocando instrumentos. Excelente. A evolução do desfile mostra o descobrimento e a resistência dos índios. O último carro mostra a construção das cidades com prédios enormes espelhados e índios atirando flechas acesas cravadas nos prédios. Trouxe também as mazelas causadas na natureza pelo descobrimento e pelo progresso numa clara crítica a nossa relação com a natureza. O samba cadenciado, a bateria respeitou a cadência e não acelerou. Não é um samba belíssimo, mas uma letra fácil, passa a mensagem do enredo. A escola passou bailando. Brincando. Passou a mensagem por completo. Não vi problemas.

Destaques:

Comissão de Frente: Um ritual Tupinambá mostra um cerimônia canibal. A tribo não era canibal, mas comia a carne do líder da tribo conquistada. Era uma honra devorar o inimigo e era um honra ser devorado, pois sua morte representava a salvação para seu povo conquistado. O ponto alto é a execução do índio, decapitado em um elemento cenográfico bem simples. Impactante.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Como índios tupinambás, encenaram o nascimento de um bebê na frente dos jurados. A barriga falsa da Porta-bandeira foi aberta por baixo pelo mestre-sala que retirou o bebê.

A águia com movimentos inéditos das asas

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